Brasil

Eleições 2018: rir para não chorar!

As eleições presidenciais de Outubro nos prometem um cenário desolador. Enquanto ele não chega, ainda à espera de um milagre, resta-nos tratar a enxurrada de notícias com bom humor.

A semana que passou, por exemplo, foi muito fértil. Enquanto o presidiário mais querido discutia com seus advogados o próximo plano infalível para a sua libertação e dava ordens aos vassalos de seu partido, no mundo dos indivíduos livres, aquele que funciona do lado de fora da cadeia, as notícias fluiam intensamente.

Ciro Gomes foi lançado oficialmente como candidato do PDT. Abandonado na última hora pelo Centrão que tanto cortejou, perdeu preciosos minutos de TV e imediatamente moveu o discurso à esquerda. Com o objetivo óbvio de agradar ao eleitorado do grande chefe, disse que ele devia estar solto. No parlatório, leu um discurso onde clamava pelo fim do ódio.

É sério! O cangaceiro boquirroto incorporou a Madre Teresa e pregou paz na terra, algo tão crível quanto ver um Mike Tyson dando aulas em um jardim de infância. O planeta sabe que é questão de tempo até ele xingar alguém de ‘fdp’ ou mandar um interlocutor para ‘pqp’ , mensagens usuais no cotidiano do destemperado candidato. Não há no mundo marqueteiro que dê jeito nisso. Sem os minutos que a alcateia do Centrão lhe proporcionariam, que viriam acompanhados de um discurso mais moderado, e com a provável companhia de um candidato do PT a disputar o mesmo segmento do eleitorado, é provável que sua candidatura enfrente sérios desafios à frente.

A semana pasada também teve ‘rouba monte’ do Geraldo Alckmin. Não deixou um picareta sequer na praça, arrebatou todos que estavam disponíveis. Seu próximo alvo é convencer Henrique Meirelles a abandonar a candidatura e trazer o MDB para junto de si. O picolé de chuchu demonstra uma voracidade para conquistar aliados até o momento inversamente proporcional à sua capacidade de atrair intenções de voto.

Agora vamos imaginar por um instante um governo de Geraldo Alckmin com toda essa gente a lhe cobrar a conta. Seriam pelo menos uns cinquenta ministérios. Lembraria muito o segundo mandato da ‘saudosa’ dona Pinóquia, com trinta e poucos ministros; reza a lenda que ela nem chegou a conhecer a todos antes de ser impichada…

E para acomodar a turma que precisa de foro privilegiado para fugir da cadeia? Barbaridade. Se o Geraldo pensar bem, devolve alguns minutos de TV e dispensa alguns ‘amigos’ . Será uma fatura impagável, nem com parcelamento tem jeito. A dúvida é se com esse exército de gente suspeita a lhe dar guarida e tempo de TV, o PSDB, que já é detentor de um ‘respeitável’ passivo moral, consegue emplacar seu candidato. Vamos aguardar.

E temos o Jair em busca de um vice. Até agora, só levou porta na cara. E justamente quando parecia ter encontrado a candidata ideal, a advogada Janaina Paschoal (uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma), mulher com perfil aguerrido e independente, para desmontar a imagem de misógino que ele carrega, a moça aparece na convenção do partido falando poucas e boas, em um discurso que desagradou a militância fanática! Bolsonaro também não gostou. Ficou no ar a impressão de que Janaina não topará o convite.

Se for esse o caso, Jair seguirá na sua busca. Na linha de reverter percepções a seu respeito, ele poderia encontrar um gay para vice, com o objetivo de confrontar sua fama de homofóbico. Nesse caso, o candidato ideal seria Jean Willis. Já imaginaram o sucesso? Ainda passaria a imagem de quem não guarda rancor. O perigo seria uma recaída de ambos no dia da posse, com guerra de cuspe na rampa do Palácio do Planalto, um papelão planetário.

Uma outra alternariva seria apelar para alguém com perfil mais popularesco. Um nome forte se resolvesse seus problemas policiais é o do Dr. Bumbum. Não é brincadeira! Em um país onde o palhaço Tiririca recebe mais de 1.5 milhões de votos para deputado, um médico com centenas de milhares de seguidores no Instagram e que mexe com o imaginário nacional (a bunda) poderia facilitar a vida do ex – capitão no segundo turno e de quebra assumir o Ministério da Saúde. A chapa ‘Bolsonaro – Bumbum’ poderia ser imbatível. O azar é que o postulante está encrencado com a justiça. A maré não está favorável ao candidato do PSL…

Se em uma semana tivermos tantas histórias, imaginem os próximos três meses! Não faltarão passagens hilárias, que nos farão rir, para não chorar. Que não nos falte resiliência e bom humor. Vamos precisar..

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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