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Pesquisa virou sinônimo de Google, mas a qualidade…

Hábito onipresente em nossa vida

Google se tornou o novo pai dos burros

Dizia-se que o dicionário era o pai dos burros. Tempos idos. Hoje o Google assumiu esse posto.

A partir de um projeto de pesquisa de 2 alunos ( Larry Page e Sergey Brin ) de doutorado na Universidade de Stanford, Califórnia, o Google surgiu no radar em 1998, abafando os líderes de busca da época, com seu inovador mecanismo de busca, onde a relevância era dada também por um cálculo da relevância ponderada de quem citava cada site. E o resto é história …

22 anos se passaram da empresa que chegou a ter como um dos seus valores Don’t be evil (“Não seja Mau”) até 2018, e hoje ela faz toneladas de dinheiro em territórios muito diferentes do seu nicho inicial.

A questão é que aquele empresa jovial e inovadora, que ainda existe, agora convive com o fato que o Google se tornou uma megacorporação ávidas por lucros, e não tem nada de errado com isso.

O domínio do Google é absoluto …

A questão é que a busca virou apenas a cereja do bolo, uma vez que o negócio deles está muito além disso. Dessa forma, a qualidade da busca, que se tornou legendária nos primeiros anos, começou a se deteriorar com os anos.

No entanto, como a tartaruga que fica dentro da panela no fogo, as pessoas meio que se acostumaram com isso, até mesmo por falta de opções; e o Google relaxou, embora eles dominem fortemente o mercado de busca, seguido de longe pelo Bing da Microsoft.

No Brasil, a busca pelo Google tem um share maior que 97%. tendo virado inconscientemente o que se chama de unanimidade “burra”, embora inconsciente.

… e a qualidade da busca só faz cair cada vez mais

Falar mal do mecanismo de busca no Google é quase um tabu. Busquei muitos artigos recentes que abordassem esse tema e praticamente não encontrei nada.

Eu como heavy user de Internet desde os primórdios, tenho notado isso cada vez mais. Muitas vezes, os resultados são irrelevantes e/ou incompletos, a ordem é ruim e há forte inconsistência de diferentes tipos de busca.

Há pouco tempo, eles silenciosamente derrubaram uma de suas poderosas ferramentas que era usada para medir o quanto uma expressão ou palavra era comum. O número de ajustes (hits) de uma expressão de busca que, infelizmente, deixou de ser exibido, o que é lamentável.

Essa decisão arbitrária foi a gota d’água para mim, sendo assim passei a buscar outras opções e a verdade é que existem muito poucas. Estou, por algum tempo, tentando usar o Bing, citado acima. Há vários macetes e truques para se usar bem o Bing que podem ser conferidos aqui.

Exemplo de busca no Google com resultado pífio

Ter uma ideia singela de como a busca do Google está fazendo água é fácil: busque pelo termo “países maravilhosos” entre aspas. Ele voltam apenas 141 resultados e alegam

“Para mostrar os resultados mais relevantes, omitimos algumas entradas bastante semelhantes aos 141 resultados já exibidos ”

No Bing, busca-se pela mesma coisa e isso dá 3.320 resultados, assim a declaração acima do Google não é verdadeira. Há vários sites no Bing, que não tem nada de repetido, mas que simplesmente não estão nessa busca do Google.

Por exemplo, nessa postagem de blog, há o trecho:

“a Escandinávia é uma região no extremo norte da Europa e é composto pelos países maravilhosos da Dinamarca, Noruega e Suécia.”,

Ele está dentro de um texto de um blog brasileiro, que em nada justifica ser excluído do resultado da busca, por repetição. Mesmo quando esperançosamente se clica em “mais resultados”, o Google só retorna 334 resultados e ainda não é possível visualizar o site acima, encontrado facilmente no Bing.

Quando se expande a busca com “Países maravilhosos” e “castelos majestosos”, o Google dá 3 resultados, e retorna esse site como primeiro da busca, e traz a mensagem:

“Para mostrar os resultados mais relevantes, omitimos algumas entradas bastante semelhantes aos 13 resultados já exibidos.”.

Só que ele exibiu só 3 resultados o que não corresponde à verdade porque o Google simplesmente abriu mão de um resultado válido para poupar processamento, banda e memória! E mais: esses 3 resultados apontam para a MESMA reportagem em locais diferente. Se isso não é semelhante entre si, não sei mais o que é …

E não é só um exemplo…

O caso acima é apenas o que se chama em ciência de evidência anedótica. No entanto, é muito mais o do que isso. Tenho me deparado com questões dessa ordem há muito tempo.

Recentemente, em um caso real, só descobri uma solução para uma questão que eu tinha de estatística através de um resultado do Bing, já que no Google não aparecia; mesmo com uma boa seleção de palavras de busca.

Empresas privadas tutelando nossa vida …

O que é deprimente é que, no final, o Google decide o que alguém enxerga na Internet, e em que ordem, assim, se ele quiser censurar ou diminuir algo, é muito fácil. Trata-se de uma grande caixa preta.

Mesmo com toda a volatilidade natural do mercado, a essa altura do campeonato é difícil imaginar que apareça um competidor que desafie a inconteste liderança do Google em buscas. Seria preciso um investimento colossal em pesquisa, tecnologia e marketing, além de enfrentar a inércia mastodôntica de um hábito mais do que arraigado nas pessoas.

Ou seja: há uma enorme chance de fracasso.

Veja que o próprio Google fracassou miseravelmente quando tentou alavancar o Google+ como concorrente do Facebook. Lançado em 2011, naufragou em 2015 e foi fechado oficialmente apenas em 2019.

Assim, estamos vivendo um período inédito onde empresas privadas monopolizam pedaços de nossas vidas, o que traz inúmeros riscos. De um lado, o Google domina nossos celulares (só desafiado um pouco pela Apple com o iPhone), vídeos (YouTube) e buscas e o Facebook dominando nossa vida social virtual (Instagram, WhatsApp e Facebook)

Epílogo

Lembro-me que há 9 anos atrás elaborei uma elaborada ideia para o Google baseado no conceito de fundir a busca por assunto e palavras, baseado em um contexto microcolaborativo dos próprios donos de conteúdo, aliado a uma forte pegada comercial.

Ingenuamente achei que eles acabariam pelo menos lendo sobre essa ideia, o que geraria alguma repercussão. Que nada! Tive até o contato de um funcionário do Google nos EUA em defesa dos conceitos, mas dizendo que não era então o foco do Google. E até hoje, 9 anos depois, ainda gosto da ideia….

O fato é que o Google é uma empresa ainda inovadora, trabalha em muitas diferentes frentes, mas já tiveram muitas histórias de fracassos. O drama é que o Google não vê muito dinheiro dentro da busca em si.

Virou uma commodity relegada ao status de uma música de elevador.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

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Um Comentário

  1. Parando para fazer uma reflexão eh muito poder para uma empresa só não eh mesmo… Muito poder em influenciar a formacao de conceitos e ideias sobre temas importantes e relevantes da população como um todo. Eu mesmo me utilizo do Google diversas vezes ao dia para tirar minhas dúvidas e até brinco com minha esposa sobre como hoje eh muito fácil se pesquisar algo sentado no sofá assistindoTV. Antigamente teríamos de nós levantar, procurar o índice da enciclopédia e depois na enciclopédia em si… Um trabalhão… Jamais pensei em como ao direcionar certos artigos, matérias, etc ele podem manipular nossas opiniões… Gostei muito da matéria e da reflexão. Abraços

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