Opinião
Tendência

O ódio do bem “antifascista”

A última semana foi repleta de grandes acontecimentos geopolíticos. Da grande demonstração de força da China, passando pela revolução no Nepal, aumento de tensões no Oriente Médio e Europa, grandes protestos na França e Reino Unido, nenhum ganhou tanta perpercussão quanto o assassinato de Charlie Kirk.

Antes dele, um outro assassinato brutal começava a repercutir, não só pela violência extrema e gratuita, mas também pela cobertura discreta da imprensa, assim como tantos outros episódios que contradizem as narrativas “politicamente corretas”. Falo de Iryna Zarutska, uma refugiada ucraniana, assassinada brutalmente por um negro num metrô na Carolina do Norte. 

O que levou esse homem a cometer tal atrocidade de forma gratuíta? O que pretendia o Black Lives Matter ao postar, logo em seguida, um trecho de filme em que uma mulher negra justifica a morte de brancos? Aliás, o que dizer das estatísticas que mostram o aumento expressivo de assassinatos cometidos por negros após o caso George Floyd? O mundo ficou mais pacífico depois do BLM?

Ironicamente, a jovem assassinada era adepta da cultura woke, na qual está inserido o BLM.

O mal-estar ocidental

Está claro que existe um mal-estar latente na civilização ocidental. De um lado, uma maioria acuada — frequentemente branca — acusada de “extremista” por qualquer coisa. De outro, diversas minorias empoderadas pela mídia exalando ódio impunemente.

Mas foi no assassinato de Charlie Kirk que a situação descambou de vez. A começar pela imprensa, que quase justificou o assassinato do ativista. Não por acaso, algumas manchetes precisaram ser alteradas posteriormente, diante da repercussão negativa. Pior: mesmo depois, quando o assassino foi identificado, a imprensa deu foco especial ao fato de seus pais serem “republicanos” — ainda que o filho tenha se tornado um notório lunático de esquerda na universidade.

Nas redes, multiplicaram-se comemorações descaradas, incluindo sugestões de novos alvos como Ben Shapiro, nos EUA, Nicholas Ferreira e membros do MBL, no Brasil. Entre os famosos daqui, o historiador Eduardo Bueno fez questão de celebrar a morte de Charlie Kirk, citando suas filhas pequenas… Detalhe: as crianças estavam presentes no momento em que o pai foi assassinado. Mas a coisa piora: o historiador, mesmo tentando se desculpar após a nota da PUCRS que acertadamente cancelou uma palestra sua, reafirmou sua intolerância, dizendo que o mundo ficou melhor sem Charlie. Antes dele, o famoso comunista em ascensão Jones Manoel ironizou, dizendo que o assassinato foi uma conspiração da direita para ofuscar a vitória do seu time!

Mas afinal, qual o pecado de Charlie para justificar tanto ódio? Será que suas ideias eram tão perniciosas? Se eram, como ficou tão famoso participando de debates em universidades, convidando qualquer um a demovê-lo de suas convicções? Se suas ideias eram tão frágeis ou erradas, por que não foi demolido pelas ideias pelos milhares de ativistas se sentaram diante dele?

As sete acusações de “extremismo”

Perguntei ao ChatGPT que listasse o conjunto de ideias que, segundo a mídia, justificariam a pecha de “extrema direita”. Seguem abaixo os sete pontos citados — tratados como verdades absolutas pelo mainstream — sobre os quais comento em seguida:

1. Contestação de resultados eleitorais, o que deslegitima as instituições.

Ora, em uma eleição muito disputada, vencida com margem pequena, em grande parte atribuída a votos enviados pelos correios (ampliados sensivelmente naquela ocasião), é natural que as pessoas debatam o assunto. Considerar tais contestações como “extremismo” é, no mínimo, exagero. E pasmém, este é, na minha opnião, a crítica mais bem “fundamentada” ao Kirk.

2. Boicotes “culturais” contra empresas “progressistas”.

Está cada vez mais claro que os departamentos de marketing das grandes empresas estão dominados pelo wokismo. Não por acaso, um deles — do banco BTG — também se manifestou lamentavelmente no caso Charlie. A maioria silenciosa, oprimida pela minoria barulhenta, boicotar marcas que tentam impor tais ideologias está muito longe de ser extremismo. Na minha opinião, é o mínimo que a sociedade pode fazer.

3. Nacionalismo exacerbado, desconfiança de alianças internacionais, retórica isolacionista.

São justificadas as queixas contra organizações internacionais infestadas pelo esquerdismo e por contradições flagrantes, como órgãos da ONU ligados a direitos humanos chefiados por nações como o Irã. Quanto mais tais organizações insistem nesses erros, mais seus críticos valorizam o nacionalismo e o isolacionismo. É causa e consequência. Rotular tais posições como “extremismo” é um salto interpretativo que só reforça a mágoa do cidadão comum com a imprensa.

4. “Guerra cultural” agressiva: ataques contra LGBTQ+, feminismo, ensino sobre raça, defesa do “cristianismo nacional”.

Criticar os excessos dos movimentos identitários está longe de ser extremismo. É, na verdade, reação óbvia ao que está na raiz da polarização observada hoje no Ocidente — algo inclusive potencializado pela máquina de desinformação russa e islâmica, bem documentada, longe de supostas “teorias da conspiração”.

5. Retórica de ameaça existencial (“invasão”), ligação com teorias como a do “grande substituição”.

Já existem bairros em países europeus onde a sharia se sobrepõe às leis nacionais. É absurdo supor que tais locais tendam a se multiplicar, considerando que muçulmanos têm taxa de natalidade muito superior à europeia e que muitos de seus líderes pregam abertamente a “teoria da substituição”?

6. Retórica confrontacional, populista e muitas vezes conspiratória.

Como não adotar uma retórica confrontacional diante de tantos absurdos? É claro que populistas pegam carona nisso, mas daí a rotular como extremismo é mais um salto lógico.

7. Relação com Trump.

Este não deveria ser um sétimo ponto. É uma forçação de barra. Na verdade o ponto resume tudo. Não importam as discordâncias de Charlie — e de parte expressiva do eleitorado de Trump — com seus excessos e erros crassos, como empurrar aliados históricos para os braços da China ou sua absurda leniência com Putin. Votou em Trump? Então é extremista.

Conclusão

Em resumo: para o mainstream da imprensa, qualquer ideia fora da caixinha esquerdista é rotulada de “extrema direita”. E como o termo foi associado por historiadores de viés marxista ao fenômeno do nazi-fascismo (na verdade, uma terceira via entre o comunismo e as democracias liberais ocidentais, como apontam historiadores mais honestos), fica justificada a desumanização dos que ousam questionar os dogmas estabelecidos, especialmente nas universidades.

Portanto, faz muito bem o MBL ao propor um projeto que criminalize também o discurso violento da esquerda. Não é normal professores pregarem abertamente que qualquer pessoa rotulada como “fascista” merece “uma bala na testa” — e serem efusivamente aplaudidos por isso. Aliás, o próprio Kim Kataguiri foi impedido de realizar um debate em uma universidade por causa da “pacífica” militância esquerdista.

Enfim, algo está muito errado em uma sociedade que aplaude esse tipo de postura enquanto odeia de morte alguém que buscava debater ideias — justamente nas universidades, que deveriam ser espaço aberto de diálogo, mas se tornaram uma torre de marfim para doentes cheios de ódio e ressentimento, que se julgam a vanguarda da humanidade.

Amilton Aquino

Formado em jornalismo pela UFPE, acompanhou boa parte da história da evolução da Internet, de blogueiro a programador. Hoje divide seu tempo entre a programação e gestão de um grande sistema educacional do Nordeste. E, nas horas vagas, dá uns pitacos nas redes sociais sobre política, geopolítica e economia.

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo