Opinião

A nova polarização no Brasil.

A meu ver a polarização no Brasil avançou um estágio.

Antes era aparentemente uma divisão entre esquerda e direita, com “isentos” no meio, esses, nem tão veladamente, sempre pendendo para a esquerda.

Hoje vejo, extremistas de um lado e omissos do outro, tendo no meio os (se é que se pode chamar assim) equilibrados, aqueles que mesmo preferindo uma liderança política, nem por isso perdem sua capacidade crítica.

Ilustrando…

Esse fenômeno em relação a Lula não é novo, quem de nós não conhece gente que santifica Lula? Que coloca sua admiração ao personagem acima de sua fidelidade aos seus próprios ideais?

Pois bem, hoje existe também quem diga que se não for para votar em Bolsonaro não vota em ninguém, ou seja, torna-se indiferente à continuidade de Lula e seu bando no poder.

Para mim está claro que esse é um radicalismo de idolatria que aproxima esses extremos, como numa ferradura, que as pontas estão mais próximas entre si do que do meio.

Contra o PT eu voto numa caixa de maçã… vazia.

Votei e votaria em Bolsonaro quantas vezes fossem necessárias tendo como objetivo livrar o Brasil de Lula, nem por isso perderia minha capacidade de criticar Bolsonaro, muito menos vê-lo como única opção de voto possível, do tipo ou ele ou ninguém.

Não acho justo que tenha tido seus direitos políticos cassados, é sim, a meu ver, vítima de uma perseguição política, mas não vejo nesse radicalismo “ou ele ou ninguém”, solução para o estado das coisas de hoje, ao contrário, esse pensamento deixará tudo exatamente como está.

Ratinho Jr., Zema, Caiado, Tarcísio, votaria em qualquer um deles contra o PT e não consigo não chamar de radical quem diz que abriria mão de votar em um desses possíveis candidatos num embate com Lula ou um indicado seu.

Há que se ser pragmático e lidar com a realidade da melhor considerando como ela se apresenta e não como gostaríamos que ela fosse.

Sobre os isentos a gente já sabe, já cansei de falar sobre eles.

Os “equilibrados” são a meu ver aqueles que acreditam que existe um Brasil possível que não passe por Lula com sua extensa ficha criminal e Bolsonaro impedido de disputar.

E vale lembrar, a bem da verdade e do bom senso, que ainda que tenhamos tido um processo eleitoral enviesado, Bolsonaro deu boa contribuição para sua derrota.

O ex-presidente (que teve meu voto por duas vezes) não resistia a uma casca de banana e sempre corria em sua direção para escorregar.

“Eu não sou coveiro” disse ao ser questionado certa ocasião por conta das mortes da Covid. Essa frase feriu muita gente que perdeu pai, mãe, irmãos, filhos e amigos.

Pergunto, era difícil responder que como Presidente ele lamentava essas mortes, que se enlutava com as famílias que haviam perdido seus entes queridos e que como Presidente conduziria o Governo a fazer o máximo possível, mesmo diante de um cenário tão desafiador?

Era o mínimo a se esperar de um Presidente da República.

Quando se trata de política, ainda que se possa caminhar numa direção orientada por ideais, há que se ganhar o jogo, pois só no poder se pode influenciar a realidade e o rumo que deve tomar nosso país.

Marcelo Porto

Gênio do truco, amante de poker, paraíba tagarela metido à besta, tudólogo confesso que insiste em opinar sobre o mundo ao meu redor. Atuando no mercado financeiro desde 1986, Marcelo Porto, 54, também é Administrador de Empresas e MBA em Mercado de Capitais.

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