A Pandemia dos Não-Vacinados

Como muita gente tem me perguntado, resolvi fazer essa publicação.

“Anna, o que está acontecendo na Alemanha 🇩🇪, na Áustria 🇦🇹 ? A vacinação não está dando conta?”

Bom, amiguinhos, o Papo Reto de Boteco do dia de hoje é o seguinte. Obviamente o vírus continua circulando e com a diminuição das restrições e maiores aberturas teríamos infecções. Claro, óbvio. Pois a vacina não torna ninguém imbatível.

MAS, porém, contudo, todavia … estamos vivendo CLARAMENTE a 4a onda dos não Vacinados aqui. Assim, a Pandemia ganhou nova denominação: A Pandemia dos Não-Vacinados.

Na Alemanha em torno de 25% da população está resistente a vacinar-se. E são esses 25% os principais responsáveis pelo aumento E manutenção dessa nova onda.

“Ah Anna, que lorota, a vacina não impede a transmissão nem a infecção. E mais, previamente infectados tornam-se imunes!”. 

Pois é, amiguinhos, sinto informá-los que vocês estão equivocados. A vacina diminui, sim, não só a chance de desenvolver um quadro mais grave e vir a óbito (pesquisas do CDC – Center for Disease Control and Prevention dos EUA – já indicaram que seria algo em torno de 1 Vacinado x 11 não Vacinados. Opa, mais que o fatídico 7 x 1 contra a Alemanha… oops, tá mais para humor negro essa piadinha) como também de infectar-se, desenvolver uma condição importante E assim ter carga viral relevante para transmitir.

Me acompanhem: quanto maior a carga viral, maior é a chance de transmitir. Fora que também a imunidade natural de um pós infectado com COVID não necessariamente é relevante. Mas isso já é outro assunto. Mais sobre esse assunto, você pode dar uma olhadinha nessa matéria, neste e nesse outro vídeo também.

Agora vamos as tais evidências. Sabem os fatos, conhece? Pois é, eles são chatos. Eles são fatos, não opiniões.

Veja o gráfico abaixo (o mesmo acima, parte da foto principal deste texto. Original encontrado na página do ministro-presidente da Bavaria, Markus Söder – aqui). Além dos hospitais aqui na Alemanha estarem cheios de pacientes COVID não Vacinados, agora vamos jogar por terra essa história de que restringir a circulação e contato só dos não Vacinados é preconceito? Que liberar mais os Vacinados é dar aprovação para vida “louca” desses vacinados que também transmitirão e ainda mais? 

Em uma semana, na média móvel de uma semana, na Bavária tivemos 1050 novos casos. 

-953 de NÃO Vacinados 

-97 de Vacinados 

Praticamente 9 em cada 10 novos infectados são de não Vacinados. 

Fora a curva mais ascendente de casos. Vocês conseguem notar, não?!

Bom, acho q não preciso mais desenhar… ou preciso? Também deixo uma análise-artigo que traz a informação que não Vacinados Pós COVID tem chances muito maiores, mais de 5 vezes, do que Vacinados para se infectados precisarem de internação. Além disso, estudo recente também apontam para menor chance de um infectado vacinado transmitir o vírus: https://www.newscientist.com/article/2294250-how-much-less-likely-are-you-to-spread-covid-19-if-youre-vaccinated/amp/?fbclid=IwAR243XegSYe7uIRCpnfdRh7ztPrJJ90IMGaPgfNtIzefv9cdms8Gxiybzpo

Será que todos esses dados não são motivos mais do que suficiente para entendermos a necessidade de vacinarmos? Ou ainda, entender que a sua decisão de não vacinar-se poderá arriscar o cinturão de imunidade coletivo E o retornos das atividades econômicas? Ou ainda, ajudar com informações que você pode usar para convencer aquele que está com receio, medo ou sai repetindo afirmações do tipo: “Eu já tive, então estou imunizado”?

Sim, já disse e repito, imunidade natural pós COVID é muito relativa. Lá atrás pensava-se que a imunidade natural era uma expectativa correta e robusta. Pois é, ledo engano… Estudo aqui da Alemanha mostrou que 85% pós contato com COVID, desenvolvendo quadro leve ou assintomático, não desenvolve imunidade natural relevante. Já estudo do CDC, com pequena amostra, chegou a 40%. 

Então… bom, e agora José, ou seria Fritz, o que fazer? Pois é, mais restrições. Estão restringindo mais a circulação e acesso de não Vacinados. E na Áustria estão anunciando lockdown dos não Vacinados. Coincidentemente, essa semana houve filas de vacinação, com recordes.

Já aqui na Alemanha, sim, novas restrições. Por exemplo: restaurantes, bares, hotéis, academias, salões de beleza, etecetera só podem ser acessados por vacinados ou curados (curados = aqueles que tiveram infecção por COVID nos últimos 6 meses). E mesmo assim, clubes e discos exigirão ainda a máscara FFP2 OU teste. Bom, a máscara FFP2 voltou a ser a única aceita em transportes, lojas, supermercados e locais fechados. Não está usando? Tome uma multinha de 500 Euros para ficar esperto!

E vejam só. As tradicionais feiras de Natal, caso a situação aperte, correm o risco de serem proibidas!!!! E aí, quem é que vai cobrir o prejuízo dessas famílias? Desses comerciantes? Aposto que não serão os bonitos que decidiram não vacinar-se.

Pois é. Eu continuo não entendendo essa loucura de não vacinar-se… Claro que no início, questões mil podiam vir a tona. Sobre efetividade real das vacinas, como assim conseguiram otimizar e acelerar as pesquisas, efeitos colaterais, relação risco e benefício, etecetera. Mas hoje, depois de tantos bilhões vacinados, tanta pesquisa, e principalmente, o impacto no controle da pandemia?! Honestamente, eu não entendo. Nunca existirá nada 100% certo ou 100% seguro, sempre digo isso. Tudo é uma questão de análise da relação risco e benefício.

E caros conterrâneos brasileiros, vejam só que coisa. Uma das líderes do partido AfD aqui na Alemanha, que é de extrema direita, nacionalista e anti-vacina, Alice Weidel, líder parlamentar… pegou COVID. E pelo jeito o quadro não é leve não. É o 2o membro proeminente da AfD a ter COVID. Obviamente não Vacinados. Esse partido é o principal disseminador de informações falsas anti-vacina. Pois é, não é só no Brasil que temos os políticos “experts” em disseminar notícias alarmantes e falsas.

Com todas essas evidências, quem não vacina-se por escolha própria, ou seja, sem qualquer contraindicação médica, é no mínimo ignorante. No sentido de alimentar-se de notícias questionáveis e não acreditar nos dados que estão sendo mostrados. Bom, já falei aqui daquela outra Pandemia, a do culto à ignorância.

Fora aqueles que têm se mostrado bem covardes, egoístas e mesquinhos. E coloca, sim, a sociedade em maior risco. Pois está mais do que claro que essa nova onda, bom, é culpa dos Não Vacinados. Está mais do que claro que a sua decisão em não vacinar-se não afeta só o seu umbigo.

Aqui na Alemanha eu já tomei meu reforço Pfizer pós da Johnson. Foi super tranquilo e me sinto mais protegida e cumprindo com meu dever cívico, de compromisso em sociedade de vacinar-me.

No Brasil eu fico de fato mais relaxada, apesar de não achar que é hora de baixar a guarda. Digo mais relaxada, pois pelos dados que vejo caminha para termos mais de 90% Vacinados.

Já do lado do governo federal brasileiro o jogo é do contra. “Que passaporte de vacinação, que restrições o que?! Vamos inibir qualquer tipo de restrição e passaporte!! Viva a liberdade… dos Não Vacinados! Já os vacinados, que sofram as consequências.

É realmente um contrassenso. E como diria uma amiga: “Viva a cultura do Zé Gotinha”. Apesar dos pesares, essa cultura que está contando muitos pontos para caminharmos para uma boa porcentagem da população brasileira vacinada.

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