Rebaixado

O Brasil foi rebaixado novamente essa semana pela agência Fitch e nesse momento está confortavelmente instalado três degraus abaixo do nível que confere grau de investimento, atributo de países ou organizações considerados bons pagadores. Em Janeiro, a Standard and Poor’s já havia tomado ação semelhante. No que diz respeito à credibilidade de suas contas, o país está equiparado à Guatemala, República Dominicana e Bangladesh. Nada mal.

Por alguns poucos anos, desfrutamos da companhia de nações responsáveis ou desenvolvidas. Estranho no ninho, o país logo recobrou sua usual negligência e a partir da intensificação da política de gastança desenfreada da mais inepta, entrou na rota da crise, afundou no pântano da mais grave recessão da história e embora tenha contido a inflação e retomado o crescimento, ainda que timidamente, não consegue aplacar o aumento da dívida pública, que se aproxima de 80% do PIB, partindo de pouco mais de 50% há poucos anos

O Congresso, irresponsável, deu indicações de que não aprovaria uma mutilada reforma da Previdência, postergada para a próxima legislatura. Nenhuma medida que restrinja gastos terá simpatia dos parlamentares, incapazes de pensar o país no longo prazo e preocupados com sua própria reeleição. A população, amplamente mal educada, quando muito informa-se através de manchetes e está longe de entender as complicações técnicas geradas por um estado perdulário.

O rebaixamento tornou-se rotina, a notícia não causa mais transtorno. É como se fosse mais um arrastão, uma bala perdida, um escândalo de corrupção, um bandido solto pelo Gilmar Mendes, eventos que deixaram de envergonhar nosso cotidiano, de tão comum que se tornaram. Derrotada, a equipe econômica passará os próximos dez meses tratando de medidas periféricas.

A janela de oportunidade para retomarmos o prumo começa em Outubro, com as eleições presidenciais e legislativas e se estende pelos 6-9 meses de 2019, período em que o presidente eleito desfruta de autoridade com o Congresso para implantar mudanças relevantes. Depois disso, o conhecido ‘toma lá, dá cá’ restabelece sua predominância em Brasília.

O problema é que o discurso da verdade não ganha eleição. O povão, em geral, acredita em duendes, mentiras, falsos profetas e salvadores da pátria. As chances de termos um presidente eleito com teses que subestimam a situação fiscal do país são altas, não menores são as de replicarmos o atual Congresso.

Os rebaixamentos sucessivos certamente levam em conta esse cenário. O Brasil tem a chance de dar as costas à mediocridade ou abraçá-la de vez. Outubro pode ser um recomeço ou o erro definitivo. Com a palavra, o eleitor…

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