Em um programa recente “Fim de Expediente” da rádio CBN, a convidada foi a jornalista Rachel Krahenbul, correspondente da Globo em Washington e assídua frequentadora da Casa Branca. Ter na rotina de trabalho um local com a maior densidade de poder do planeta desperta, naturalmente, muitas curiosidades.
Os apresentadores quiseram saber como era a Casa Branca nos tempos de Obama, tido como simpático, afável, um “gente boa”. Será que isso se refletia no dia a dia das pessoas? Pois em poucos minutos Rachel desmontou as narrativas cristalizadas de “Obama bacana” e “Trump malvadão”. Segundo ela, ao conversar com os funcionários da Casa Branca, descobriu que o presidente preferido no dia a dia era… Donald Trump, seguido por George W. Bush. Obama? Em último lugar.
Para os curiosos, as explicações estão no vídeo que deixei nos comentários. O mais engraçado é ver a reação dos fãs de Obama, que esperavam justamente o contrário.
Mas este post não é sobre X ou Y, nem sobre reforçar a polarização em que o mundo parece afundar. A questão aqui é o quanto somos suscetíveis a narrativas bem construídas por marqueteiros competentes, mas que frequentemente não correspondem à realidade.
Em tempos de manchetes vazias, feitas para caçar cliques, a avaliação das pessoas sobre determinado assunto costuma ser rasa: basta que algo se alinhe com suas crenças – muitas vezes dogmáticas – para ganhar contornos de verdade.
Obama foi o primeiro presidente negro dos EUA, dono de uma retórica eficiente, comunicador carismático e vendedor de uma imagem cuidadosamente planejada. Fácil acreditar que seria também alguém de convívio agradável. Certo? Errado, pelo menos segundo boa parte dos funcionários da Casa Branca.
Trump, com seu jeitão fanfarrão e teatral, frases de efeito, ego inflado e postura antipática para boa parte do mainstream, parece ser um sujeito intragável. Certo? Errado de novo: para os funcionários, é o presidente mais querido no dia a dia.
A lição é simples: ao formar juízo sobre alguém ou algum fato, cuidado para não comprar “gato por lebre” ou deixar suas crenças contaminarem a avaliação. Também não se deve concluir muito a partir de um único depoimento — afinal, as pessoas interagem de maneiras diferentes em contextos diversos. O relato de Rachel diz respeito apenas à perspectiva dos funcionários da Casa Branca.
Como a “virtude” parecia estar de um lado e ausente do outro, o resultado invertido causa espanto — e é justamente aí que está o chamariz deste post.