O discurso do Rei

Uma das maiores dificuldades que a triste educação brasileira deixou para o nosso povo é a interpretação de texto. Como tive a sorte de cursar o velho Aplicação da UFRGS nos anos 1960, aprendi com professores do nível do Claudio Moreno (hoje titular de uma coluna no jornal Zero Hora, o mais importante de Porto Alegre), a separar os “entretantos e considerandos” e ir direto na essência de um texto. A interpretação do discurso de Lula é simples, e pode ser resumida em três frases.

1 – Não interessa quem vai ser ministro, quem vai mandar na porra toda sou eu. Fim de papo. (Vale dizer que, neste ponto, seu discurso é exatamente igual ao do atual presidente).

2 – Para evitar os erros que cometi na primeira vez, já estou combinando com meus amiguinhos do judiciário um jeito de calar qualquer voz contrária, seja na mídia, nas redes, na rua, na chuva ou na fazenda, e até numa casinha de sapê (tchutchurutchu!).

3 – Vou fazer a única coisa que sei; dar dinheiro para os pobres sem pedir nada em troca, até que o dinheiro acabe, o país quebre, e todo mundo termine mais pobre do que antes. Chamo isto de “justiça social”. Já fiz uma vez e, pelo jeito, “os pessoal gostaram”, tanto é que estou aqui de novo.

Poucas vezes nos últimos tempos Lula foi tão sincero.

O problema é que o tal de “mercado” é muito mais esperto do que se supõe. E não vai cair no conto do “Brasil emergente” de novo.

Parodiando o genial Chico Buarque, “Ai esta terra ainda irá cumprir sua sina bela / ainda irá tornar-se uma enorme Venezuela”.

A gente mesmo escolheu. Agora aguenta!

Peço sinceramente a Deus que eu esteja errado.

Melhor ser feliz do que ter razão.

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