Freixo: a “mãe” que corta o filho ao meio.

“Imunização tratada como privilégio”

Para o deputado Marcelo Freixo, clínicas particulares não podem oferecer vacinação contra a COVID. Isso mesmo, não bastasse querer dar ao Estado o poder de obrigar as pessoas a se vacinarem, o expoente psolista quer impedir que as pessoas possam optar por se vacinar na rede privada.

Para Freixo impedir a importação privada de vacinas contra o COVID19 tem como objetivo evitar que ninguém fure a “fila da imunização”.

Isso mesmo, a ideia é que pessoas que possam pagar pela vacina impedidas de adquiri-las ne rede privada, acabem fazendo uso do recurso público que poderia vir a ser alocado para aquelas que tem menos condições financeiras.

Falaciosa, a posição do deputado coloca em pé de igualdade processos que são distintos e que acontecem com tantas outras vacinas.

Rico ou pobre, negro ou branco, jovem ou velho, em sua miopia ideológica o deputado esquece que uma pessoa imunizada deixa de contaminar outras tantas.

Mesmo que somente pessoas ricas viessem a ser vacinadas, ainda assim também as mais humildes estariam sendo beneficiadas, pois se estaria aumentando a imunidade da população como um todo dificultando o ciclo de contágio do vírus. É algo óbvio, não importa, do jeito que for, quanto mais gente imunizada melhor.

A mesma lógica torta do deputado poderia no limite ser estendida aos planos médicos particulares e por que não até mesmo a rede privada de ensino. Em suma, um ataque as liberdades individuais e uma péssima medida para as contas públicas.

“Podeis cortá-lo ao meio, assim não será de ninguém”

A manifestação de Freixo é a repetição da ideia de “igualdade” recorrente no discurso de quem compartilha de seu mesmo viés ideológico. Ainda que de forma inacreditável mesmo que essa igualdade seja a de não se imunizar um determinado grupo da população sem que haja nenhum benefício nisso.

Na lógica “antisalomônica” de Freixo, como a mãe que escolheu que “seu filho” fosse cortado ao meio, é preferível que por conta da imunização pública ainda não estar disponível, o “justo” é que pessoas que poderiam vir a se imunizar via rede privada sigam expostas, adoecendo e morrendo.

Em suma, o laboratório teria a vacina para venda, o cidadão que dispõe do recurso fruto de seu trabalho estaria disposto a pagar por sua imunização e de sua família, mas para o deputado socialista frequentador do Copacabana Palace essa não deveria ser uma prerrogativa das partes, cabe também ao Estado interferir nessa relação, sabe-se lá em benefício de quem.

Soa contraditório que o mesmo deputado que é a favor do aborto, por que o corpo é da mulher e da liberação das drogas, por que o Estado não tem nada a ver com isso, defenda tal posição. De quem é o corpo que será imunizado? Se para consumir drogas o Estado não deve intervir, qual o sentido da mesma lógica não servir para quem quer se vacinar na rede privada, fazendo uso de uma vacina que seja aprovada pela ANVISA?

Sempre achei contraditório que numa sigla Socialismo e Liberdade apareçam lado a lado, a postura de Freixo, confirma essa contradição. Não chega a ser uma novidade para quem dispõe de escolta armada e ao mesmo tempo é contra o direito do cidadão de se proteger.

Uma coisa é certa, esse nível de contradição, não é coisa que se “conquiste” dia para noite, é preciso muito tempo de “militôncia”.

Em tempo: entender a posição do Deputado como extremamente contraditória, não exime de crítica o poder público por não haver ainda uma vacinação de caráter público. Nesse texto o que se pretendeu é mostrar uma incoerência, de como se pode atentar contra o interesse público sob um falso apelo de justiça por equidade.

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