E naquele momento definitivo…você faz tudo errado!

Todos já estão cientes da maior gafe da história do Oscar. O par de auditores da PWC responsável pela distribuição dos envelopes com o nome dos vencedores não fez o básico de suas tarefas. Vexame em escala planetária.

A dupla Warren Beaty e Faye Dunaway, que anunciaria o melhor filme do ano, recebeu o envelope errado. Nele constava o título ‘Melhor atriz’. Warren, que o tinha nas mãos, leu o letreiro e as câmeras registraram em seu semblante algo parecido com um receio. Faye julgou se tratar de uma gracinha de seu colega, tomou o envelope e sacramentou ‘La La land’ como o premiado, sem se dar conta que aquele era o título para melhor atriz, anunciada minutos antes. Materializado o erro, o mundo ouviu o discurso dos produtores de ‘La la land’, até que a lambança foi desfeita, três minutos depois, com a divulgação do verdadeiro vencedor, ‘Moonlight’. Constrangedor. A gafe ofuscou o brilho dos ganhadores, tornando-se o grande assunto dos dias seguintes.

O par de auditores da PWC também teve seus 15 minutos indesejáveis de fama. A desatenção, além da notoriedade pelas razões equivocadas, certamente lhes custará uma advertência, geladeira ou até mesmo seus empregos.

Esse vexame poderia ter sido evitado por Warren Beaty. É verdade que ele não tem culpa. Recebeu uma bola quadrada, mas poderia tê-la arredondado. Faltou-lhe a presença de espírito naquela hora H, o momento definitivo em que frações de segundo definem o desfecho da situação.

Warren percebeu que havia algo errado, afinal, recebera o envelope com o letreiro ‘melhor atriz’. Com poucos segundos até fazer o anúncio, ele não parou para pensar que estava diante da maior gafe já registrada nas cerimônias do Oscar. Jamais imaginou que fosse possível. Tivesse respirado fundo e concatenado as ideias, poderia dizer: ‘Há algo estranho aqui, não estou com o envelope correto. Alguém da produção poderia me confirmar se é esse mesmo? Aqui diz ‘melhor atriz”. Fizesse isso, imediatamente seria acionado o alarme e os auditores perceberiam a situação. A cerimônia teria sido poupada do fiasco que veio depois.

Não podemos culpar Warren. Pouquíssimos teriam a presença de espírito para reagir corretamente em tão pouco tempo. Ele certamente se penitenciará para sempre por não ter desafiado a situação, que lhe pareceu inusitada. Não intercepetou o erro. Não me solidarizo com os funcionários da PWC, o que seria endossar a incompetência, mas sim com o Warren, que teve em suas mãos a chance de corrigir o erro, mas não o fez.

Quem nunca passou por isso, que atire a primeira pedra! Quantas vezes não nos deparamos com aquelas situações definitivas, onde uma frase, um gesto, uma réplica, podiam ter mudado o rumo dos fatos e simplesmente falhamos na execução? Quem nunca voltou para a casa com a sensação que devia ter dito isso ou feito aquilo diferente, naqueles momentos que não lhe oferecem ‘replay’?

Pois é. O Warren Beaty passará a vida pensando que poderia ter notificado o erro ao invés de deixá-lo passar. Foram poucos segundos de indecisão com o pior desfecho possível. Ele carregará esse fardo para sempre, por mais que não seja uma culpa.

O ator entrou para o clube dos que erraram nos momentos decisivos, do qual provavelmente todos nós somos associados por causa de algum evento. E se você se julga imbatível e não se enxerga nele, lamento informar que é apenas uma questão de tempo, se não for de ego. Uma grande certeza sobre a humanidade é que ela é falível. Bem vindo ao clube, Warren!

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