Reflexões ‘covidianas’ I – A ausência de abraços

Segundo relatos de amigos que vivem na Europa, o período em que o país encontra-se no pico ou próximo dele é o de maior tensão social. Todos nervosos e angustiados, a mídia converte-se em um desfile funerário, o acompanhamento do noticiário torna-se insuportável e o reservatório de paciência das pessoas chega no ‘volume morto’. As redes socias tornam-se palco de xingamentos, mais do que usualmente são, e nos sentimos todos como em um barco à deriva, prontos para o naufrágio.

É o nosso momento atual. Mesmo que pairem dúvidas sobre o pico que está próximo, mas que parece nunca chegar, estamos há 10 semanas nessa tortura psicológica infernal, e a realidade é que ninguém aguenta mais…

Os europeus começaram a sair da toca há alguns dias, isso até já aconteceu no Brasil resiliente à doença, e logo todos desfrutaremos dessa carta de alforria parcial. Sim, por que mesmo após o retorno gradual, vários dos nossos hábitos serão sacrificados por um bom tempo.

Nada de expressar nossa latinidade com apertos de mão, tapinhas nas costas, beijos e abraços. No máximo um sinal com a mão e um olá com as sobrancelhas. Aglutinações somente em filmes ou em recordações gravadas em vídeos, um Brasil sem festas. Será que perderemos nossa essência?Sem contar que a nossa rotina de mascarados será estranha. Além da falta de contato, rostos ausentes. Coloque um boné e óculos escuros e teremos a visão de foras da lei.

Dizem que será o novo normal. Embora ainda não estejamos vivendo essa rotina mascarada e desinfetada, já estou com saudades do velho. Não bastasse a pressão emocional desee período de confinamento aliado ao medo e à incerteza sobre o futuro econômico, voltaremos ainda sob a ameaça do vírus, que ditará as novas regras de convívio social até que surja uma vacina vitoriosa que nos devolva a liberdade plena.

Vai melhorar, mas será um processo longo e que nos demandará muita força de vontade. Um dia a menos para o final da crise.

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