À espera de um milagre

Quem leva o título na improvável final da Copa do Brasil?

Eu cresci em um mundo onde o Vasco não era freguês do Corinthians. Anos 70 e 80, durante a ‘Era Dinamite,’, até tínhamos uma discreta vantagem no confronto, bastante equilibrado nos anos 90, que se transformou em um freguesia plena do Vascão no ano 2000 evoluindo para o estágio insuportável, onde nos encontramos hoje, a partir de 2010.

Nesse século, o Corinthians chegou a ficar 21 jogos sem perder do Vasco, de 2010 até ano passado, quando conseguimos um mísero triunfo em São Januário. Nos ‘mata-matas’, em todos os confrontos, o alvinegro paulistano levou a melhor (seis vezes). Se dependesse do retrospecto, Vascão nem precisava entrar em campo, já está definido. Mas, toda escrita uma hora acaba. E se for agora?

Eu assisti a cinco partidas, com uma vitória do Vasco, duas do Corinthians e dois empates. A vitória foi no longínquo ano de 1999, no Pacaembu, um baile do Vasco contra o time que viria a ser campeãp brasileiro, 4×2, com show de Ramon (Vasco e Corinthians dominaram o campeonato brasileiro de 1997 a 2000, com dois títulos cada um).

No ano seguinte, na fatídica final do Mundial, no Maracanã, vi ao vivo o Vasco ser prejudicado pela arbitragem, que deu impedimento em lance no qual Edmundo partia sozinho em direção ao gol (hoje com o VAR não ocorreria), o mesmo Edmundo que perdeu o pênalti derradeiro que coroou o Corinthians campeão, após um 0x0 no tempo normal e prorrogação.

Em 2012, assisti aos dois confrontos das quartas da Libertadores. Na ida, 0x0 em São Januário, quando tivemos um gol equivocadamente anulado. Na volta, 0x1 no Pacaembu, no jogo daquele gol inesquecível perdido pelo Diego Souza (ou salvo pelo Cassio) que mudou a história dos dois times e até da seleção brasileira.

Me explico. Se o gol fosse assinalado, o Vasco passaria para as Quartas, pois o Corinthians teria a difícil tarefa de virar em 20 minutos.

Se isso ocorresse, poderia ser o Vasco o campeão e talvez não mergulhasse na fase tenebrosa que experimentou a seguir.

O Corinthians, por sua vez, eliminado, fatalmente demitiria seu técnico e não experimentaria o período de glórias que teve na sequência. Muito provavelmente Tite tampouco conseguiria liderar a seleção nas copas de 2018 e 2022.

Vejam que estamos falando de um lance que definiu o futuro de dois times e uma seleção por uma década… 😀.

Esse ano eu presenciei o massacre do Timão em cima do time misto do Vasco, então comandado por Carile, por 3×0 na Arena, que reflete bem a natureza do confronto nos últimos anos.

Apesar de não ter visto ao vivo, também cito o confronto do campeonato brasileiro de 2011, faltando 5 rodadas para o término. À época, o Vasco liderava com 2 pontos de vantagem sobre o Corinthians e a partida em São Januário era decisiva. Terminou em 2×2 com o Vasco cedendo o empate em duas ocasiões. Faltou coragem para o técnico Cristóvão Borges ousar por uma vitória, que levaria o Vasco a abrir 5 de vantagem e praticamente colocar a mão no título. A sequência do Vasco era mais difícil e o Corinthians terminou o campeonato 2 pontos à frente.

Não posso deixar de registrar o retorno do Dínamite, após 3 meses infrutíferos no Barcelona, em 1980, quando ele fez todos os gols na vitória de 5×2 no Maracanã. Como vcs podem notar, desfechos felizes para o Vasco nesse confronto datam do milênio passado, as últimas décadas foram marcadas por um domínio absoluto do Timão.

Mas, cada confronto é uma história e ambos os times vêm de uma temporada completamente irregular, com altos e baixos. Pelo histórico, eu coloco o Corinthians com leve favoritismo. Do lado vascaino, há esperança de que alguns lampejos brilhantes da temporada se façam presentes e que o ‘Departamento de Delivery,’ tão atuante nesse ano, não entre em campo em nenhum dos jogos. E sempre é bom lembrar, temos no elenco um possível craque da copa de 2030, Rayan!

Se conseguirmos levar o jogo para o Maracanã com pelo menos um empate na Arena, dá para sonhar com o que seria um milagre, se previsto no início do ano!!

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